Quando eu resolvi que esta seria uma viagem puramente gastronômica, nem passou pela minha cabeça que alguém poderia não querer participar dela. Afinal, para mim a comida sempre foi a parte mais importante de qualquer viagem e eu achava que todo mundo gostava de comer bem e ponto final! Ledo engano. Encontrei uma pessoa (que eu não vou contar ainda com medo de ela vir a ler o blog) que vai me acompanhar (querendo eu ou não) por grande parte da viagem e que não curte comida.
Mas sempre tem aquela hora em que você fica sozinha. O que nem sempre é o ideal para viajantes, mas pelo menos é a hora de gastar com comidas e bebidas sem olhos que julgam!
Foi nessa vibe alone que eu finalmente fui ao Lenôtre, famosa casa de doces finos de Paris – que não deixa tirar fotos, diga-se de passagem. “Fui”, não! Praticamente tropecei nela, já que, para variar, eu já tinha me perdido e não fazia ideia de onde estava.
Lenôtre:
Pedi quatro macarons para viagem (já que não podia fotografar lá, levei para casa para fotografar em casa, né?): damasco, pistache, chocolate e figo. Como vocês podem perceber pela foto, o de damasco foi comido no caminho para casa!
Cinco estrelinhas para o Lenôtre! O macaron deles não tem nada a ver com o que eu comi no Rio durante o Circuito Rio Show! Tive até que mudar o que eu tinha falado antes. A minha primeira experiência com macarons não deve ter sido tão boa assim para eu comparar ao do Le Vin. O carioca era bom, mas extremamente doce e crocante demais. Os macarons do Lenôtre são crocantes, mas macios na medida certa e o recheio é diferente para cada sabor.
O de damasco tinha recheio de geleia de damasco; o de chocolate parecia um brownie finíssimo por dentro; o de pistache tinha um creme branquinho e maravilhoso e o de figo… bom, esse eu não curti não, porque tinha gosto de figos! (novidade…) Outra diferença: dois macarons brasileiros custaram R$ 5. Quatro macarons de uma das melhores lojas de Paris custaram 3,90 euros. Tem algo errado nessa conta.
Café Angelina:
Indicado por vários guias, chefs e livros como o melhor chocolate quente da cidade, o Café Angelina fica na Rue de Rivoli, às margens do Jardin des Tuilleries. Essa indicação chegou a mim principalmente pelo blog do David Lebovitz, um crítico/cozinheiro/escritor americano que mora em Paris há muito tempo e conhece tudo por lá.
Antes de chegar ao café, passei por uma livraria que me chamou logo de cara: a WHSmith, especializada em livros em inglês. E adivinha o que eu encontrei? “The Sweet Life in Paris“, principal livro do Lebovitz. Comprei e fui ler no Angelina.
Chegando lá você encontra duas filas. À direita, a fila para quem quer comprar emporté, ou seja, “para viagem”. À esquerda, a entrada para o salão. Lindíssimo, o salão lembra a Paris do Angelina, fundado em 1903. Os garçons são amigáveis e ninguém se sente deslocado. Tem desde engravatados parisienses até turistas e pessoas sozinhas com os seus livros em punho.
O tal chocolate quente é um espetáculo. Tanto no gosto quanto nas calorias. Ele vem como o da foto: em uma jarrinha (que enche duas dessas xícaras e, portanto, pode ser dividido facilmente), acompanhado de uma “carrafe d’eau” (água da torneira, muito comum em bistrôs) e um potinho de chantilly “de verdade”.
Ao colocar o chantilly no chocolate, você assiste a uma batalha sangrenta para saber quem é mais denso, o chocolate ou o chantilly. Eles brigam até o últmo sobrevivente. Juro. É comovente. É como colocar gelo no copo e o copo decidir durante minutos se ele flutua ou afunda. Depois de uma xícara, você percebe que a garrafa de água é realmente necessária e se prepara para a próxima rodada. Devo confessar que eu perdi a briga. Parei na metade da segunda xícara.
Quando um casal americano sentou do meu lado, pensei em falar: “Eu não sei o que vocês estão pensando em pedir, mas vocês deveriam estar pensando em pedir o mesmo que eu!”. Mas pelo jeito era exatamente isso que eles tinham em mente, além de uma porção de macarons (nessa eles me ganharam).
Fim do dia:
Saindo do Angelina, só dando uma caminhada mesmo. Fui em direção ao Louvre e encontrei com esse cara aí. Ele era tão bom que eu falei: “é aqui que eu tenho que continuar a ler meu livro”. Apelidei ele carinhosamente de Folsom’s Dude e prometi a mim mesma juntar umas moedinhas depois para ele. Depois de “Folsom Prison Blues“, música lindíssima do Johnny Cash, ele tocou “Rolling on the River”, da Tina Turner. No final dessa, veio um policial e disse que ele não podia tocar ali e o Folsom’s Dude foi embora. Com ele, fui também eu – e grande parte dos que estavam sentados na grama. Burocracia é isso aí!
Bela tarde e bonito post. Acho que ajudei pra as duas coisas. Mas vc merece. Bjs.
Sério q vc arrumou uma parceria de viagem que não gosta de gastronomia? Kkk
Sobre o chocolate e chantilly de verdade: ta na hora do blog ter vídeos! Tem que filmar estes eventos comidisticos e colocar aqui! 😀
Greetings from hell de janeiro
Pô, o Angelina eu recomendei também! Esqueceu de me dar crédito! Humpf!
@Lívia: Eu falei que várias pessoas recomendam! Mas o primeiro que me convenceu foi o David, fazer o que… =B
@Fábio: Exatamente. Posso com isso?
@Marcia: O Lenôtre é crédito meu. Me perdi sozinha e antes de falar com você! 😉
Nossa, esse chocolate parece uma refeição!!! hahahahahaha
Eu nunca provei figo e detesto. Sabe essas coisas que você não vai com a cara? Então. Figo. Damasco eu até como, mas não sou fã. Pois bem, aprendi que não se deve comer Macarons no Brasil. Quando eu for à França eu experimento essa iguaria.
E como assim essa pessoa “não curte comida”? Como assim? Essa pessoa existe de verdade?