Paris: Événements Culinaires

Continuando a minha peregrinação em busca de novidades gourmandes na cidade luz, sábado, 9 de abril, foi dia de aula de Cozinha Molecular na Événements Culinaires, escola do chef Alain Cirelli. Para quem ainda não ouviu falar, a cozinha molecular é bem polêmica, e usa produtos químicos, além de modos diferentes de cozinhar, para conseguir texturas e consistências diversas, por exemplo: espuma disso, gelatina daquilo… Ingredientes normais de forma que você não costuma ver normalmente. A cozinha parece um experimento químico! Fui procurando entender melhor a cozinha molecular, já que eu também não sou fã de comidas artificiais, e com a curiosidade de ver uma dessas “transformações” acontecendo. E achei super divertido! É meio igual brincar de casinha com comida de areia, sabe? Mas vamos ao Événements:

A aula era às 9h30. Cheguei lá bem na hora e desci para colocar o avental e deixar as minhas coisas. No térreo fica a cozinha, igual uma cozinha de casa, com uma mesa posta ao fundo, tudo lindíssimo. No subsolo, fica o banheiro e uma salinha para deixar as coisas. Aos poucos chegaram as pessoas e eu vi que era a única turista. Na verdade, eu era também a única com câmera fotográfica e a única cuja língua materna não era o francês. Por isso, esse curso não é para quem ainda não fala a língua! Algumas frases me escaparam e eu fiquei a maior parte do tempo quietinha, mas, em geral, deu para entender o principal.

A aula é muito mais pessoal que a do Cordon Bleu. São poucos alunos, a cozinha é pequena e o chef (que não é o Alain Cirelli) consegue dar atenção a todo mundo. Além disso, não fica todo mundo fazendo a mesma coisa. Como a comida é uma só, cada um recebe uma tarefa, a não ser a parte dos “cortáveis”, da qual todo mundo participa.

O prato principal tinha… advinha só, peixe! E uma das lições era justamente tirar a pele do peixe, igual eu fiz desastrosamente na Cordon Bleu. Só que, dessa vez, sem a pressão do “já acabou?”. Meu peixe ficou lindinho!

Usamos “agar agar” e “carragena” como solidificantes para os pratos “moleculares”, que foram: um spaghetti de licor feito com carragena, para colocar em cima da sobremesa (um verrine de frutas vermelhas com chantilly de chocolate); um molho de limão (feito só com limão e raspas dele, mas que ficou consistente por causa do agar agar); e um queijo de cabra geleificado (que ficou impressionantemente bom!). O queijo de cabra era derretido com leite e depois geleificado com agar agar. Já ficava bom assim, mas cortamos em quadradinhos e passamos na farinha, ovo e farinha de amêndoas e levamos ao forno e ficou uma graça. Ele foi para dentro de uma sopa (velouté) de espinafre, também de entrada, junto com uns enroladinhos de massa folhada iguais aos que eu já tinha feito aqui (!).

Para acompanhar o peixe (que foi feito só no vapor), um enroladinho de legumes feito com massa de crepe. Por baixo, um molho reduzido com vinagre balsâmico e açúcar. Ficou tudo uma delícia! E, se encontrar o agar agar no Brasil, dá para fazer facilmente em casa. O spaghetti era o mais engraçado. Depois de quente, era só pegar com uma seringa, colocar em um tubinho e deixar na água fria, depois tirar da água e tirar de dentro do tubinho com a própria seringa.

Para completar, um vinho branco de aperitivo, um vinho tinto Côtes du Rhone para o almoço e todo mundo na mesa posta lindíssima para comer tudo! Nada de quentinhas dessa vez, a aula vira um grande almoço, que é ótimo para praticar o francês. Eles também organizam aulas para grupos, empresas e têm serviço de “Chef a domicílio”. Foi definitivamente uma ótima manhã, recomendada a todos os que arranham no francês, além do que eu acho que a aula saiu pelo preço desse almoço, se fosse em um restaurante de cozinha molecular, com a diferença de que eu aprendi a fazer a comida antes! E é ali do ladinho de Montmartre, de que eu falo (provavelmente) no próximo post!

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