Hoje eu trago receita, mas também trago verdades. A receita de hoje é super fácil, mas envolve uma prova de amizade. Isso quer dizer que não recomendo que você faça esse nhoque de batata-doce sozinha. Primeiro você convence um amigo que te deve uns favores, depois você compra os ingredientes, combinado?
Se fosse escrever este post ontem, eu provavelmente traria mais verdades do que receita, mas eu tirei uma boa noite de sono antes de escrever para vocês, então, não desanimem! Vamos lá.
Senta que lá vem história:
Ando de olho em umas receitas da Bela Gil no Youtube (vocês seguem ela? sério, sigam, sem preconceito). E aí, clica aqui, clica ali, fui parar nas receitas da Rita Lobo. Ela me ensinou, em pouquíssimos minutos a fazer um nhoque de batata baroa (vou deixar o vídeo no fim do post). Como eu tinha batata doce sobrando e quase estragando em casa, pensei: “É isso. Vou sair aqui dessas 8h de trabalho (que começa às 6h da manhã, vale lembrar), pegar um ônibus, chegar em casa, aspirar a casa toda, passar pano, passear com o cachorro e fazer um nhoque de batata doce caseiro antes do jantar”.
Tolinha.
Foi quase isso que eu fiz.
Eu realmente saí do trabalho. Peguei um ônibus (sem ar condicionado), cheguei em casa, aspirei a casa toda, passei pano, passeei com o cachorro e fiz…. meio nhoque. Porque na metade do nhoque eu falei “Cêjura? Não sou obrigada, néam? Então tá”. Em um momento de iluminação divina, eu fiz o molho inteiro enquanto as batatas ainda estavam cozinhando. Foi uma das melhores ideias da semana, porque, se não fosse isso, provavelmente teria servido nhoque na manteiga.
Mas aí eu comi e ficou MARAVILHOSO. Quer dizer. Foi um trabalho à toa? Não foi. Ficou gostoso? Muito! Foi a receita que estava errada? Não, a receita estava certíssima. O que estava errado foi fazer isso tudo sozinha, com minhas duas únicas mãozinhas depois de 8h de trabalho, uma faxina, um ônibus carioca e um passeio.
A receita da Rita Lobo funciona. É fácil. Qualquer um faz. Mas cansa e demora e precisa de empenho e uma mente limpa, tá, gente? Ou, claro, a produção do GNT lavando a louça e arrumando as coisas em potinhos para você.
Então, antes de desistir, escolhe aquele domingo maneiro, prepara os ingredientes com antecedência, convida aquele amigo que te deve uns favores, faz o molho antes, e se joga. Depois disso se joga na rede pra dormir.

Agora sim, a receita!
Vamos ao que interessa, que vocês não vieram aqui para me ouvir reclamar (né?).
Ingredientes:
- 2 batatas doce grandes (a Rita conta 1,5kg, eu não pesei as minhas, sorry)
- 1 colher de sopa de sal
- 2 gemas
- 1 + 1/2 xícara de farinha de trigo
- molho! (eu fiz um molho fácil de tomate com cebola, alho e o meu caldo de legumes mara)
Como fazer:
Lave, descasque e coloque as batatas doce para cozinhar. Eu fiz isso na panela de pressão, porque estava com pressa. Deixei por 10 minutos depois que a panela pegou pressão.
Enquanto isso, fiz o molho de tomate (essa parte foi a minha salvação).

Escorra bem a batata doce, transfira para um pote grande e amasse com o garfo mesmo, até ficar uniforme. Adicione o sal e as duas gemas e misture com um garfo. Adicione a farinha de trigo aos poucos até começar a formar uma massa uniforme. A Rita colocou 1 + 1/4 de xícara de farinha de trigo, mas eu precisei de mais um pouquinho. Mas não vai enchendo de farinha até achar que vai virar massa de pão – ela fica meio grudenta mesmo. Se ficar soltinha demais, o nhoque pode ficar massudo.
Coloque uma panela grande com água para ferver.
Comece a fazer os nhoques em uma superfície enfarinhada. Eu dividi em bolinhas e depois enrolei essas bolinhas em “cobrinhas” e depois cortei. A minha bancada não estava limpa o suficiente (tipo nunca) então eu fiz tudo em uma forma de alumínio grande (o que foi uma mão na roda para lavar depois, aliás).

Agora é a hora de jogar esses nhoquinhos na água. Não jogue muitos de uma vez, senão eles podem grudar. Quando eles subirem à superfície, é hora de “pescar”. Usei uma peneira metálica.
Se você for passá-los na frigideira (eu estava empenhada, né? Claro que eu fiz isso), você pode tirá-los da água e já jogar direto na frigideira quente com azeite. Cuidado com os respingos. Mexa a frigideira até eles ficarem dourados e já joga logo direto no molho para adiantar a sua vida.
É só repetir essas etapas para sempre até acabar a massa, e depois servir.
E aí?
E aí que quando eu vi que já tinha uma quantidade razoável para duas pessoas jantarem, ainda tinha metade da massa para cozinhar e eu desisti de fazer o resto. Depois de comer bateu um remorso, não só pela quantidade de massa que eu joguei fora num momento de desespero, mas também porque estava super gostoso e eu queria mais.
Não desisti, ainda vou fazer essa receita novamente. Provavelmente com uma batata só. Provavelmente num domingo. Provavelmente subornando ajuda.
Mas vai por mim, fica uma delícia.
E se você quiser conferir por si só como é maravilhoso o mundo da edição televisiva, deixo aqui o vídeo da Rita. Que é maravilhosa, mas está muito menos suada, descabelada, morta, enterrada do que eu estava ontem depois desse nhoque.
Amo Rita Lobo de paixão! Nunca fiz uma receita dela que não desse certo. Algumas realmente exigem disposição, mas no geral, é só seguir que é batata – sem trocadilhos com o nhoque, juro!