O alho negro não é novidade há algum tempo, no mundo dos blogs de comida, mas muita gente que eu conheço e que não lê todos esses blogs por aí ainda não conhece. Eu mesmo nunca tinha provado de verdade, porque não era fácil de encontrar. Agora, que ele pode ser encontrado nos supermercados Zona Sul, eu tinha que comprar pelo menos um para provar e ver o que saída dali! Não é barato. A cabeça de alho negro (escondido, na foto ao lado, dentro de uma jaulinha de madeira) custa uns R$ 15 e o potinho em conserva custa mais de R$ 20, mas são maravilhosos.
Para quem ainda não leu a respeito, o alho negro nada mais é do que uma cabeça de alho tradicional que passou por uma fermentação e maturou por quase um mês. Assim, a cor dele fica mais escura e aquele gosto característico do alho se transforma em adocicado e suave, uma delícia. A consistência dele, na hora de cortar, é quase de um chiclete, mas na boca parece um doce qualquer, com um leve toque de alho.
Alho comprado, comecei a caçar receitas para fazer com ele. Na hora eu já pensei em um risotto, já que eu estou naquela minha febre de risottos e ainda estou no acampamento. Mas, olhando todas as referências sobre o assunto, encontrei o “Spaghetti al triplo aglio” do chef Carlos Bertolazzi, um dos primeiros entusiastas do alho negro por aqui. A base da receita era alho, alho poró e alho negro, o que me deu uma ótima ideia de risotto!
O risotto ao trio de alhos:
Na volta do trabalho passei para comprar os ingredientes. O mercado perto de casa tinha o vinho, mas os outros ingredientes estavam horríveis. Segui para o outro mercado, que tinha os outros ingredientes, mas não tinha o vinho. Cheguei em casa e percebi que a droga do vinho tinha ficado faltando. É dura a vida da bailarina esquecida. Já era, foi sem vinho.
- um dente de alho refogado com uma cebola pequena (realmente pequena, muito pequena, o suficiente para não ter que guardar a outra metade na geladeira);
- em seguida, um talo de alho poró pequeno (muito pequeno, pelos mesmos motivos);
- coloquei meia xícara de arroz arbório;
- água e caldo de galinha;
- mexi bem durante um booooooom tempo, adicionando água aos poucos;
- quando o arroz estava pela metade, coloquei um terço dos alhos negros picados (usei ao todo três dentes e coloquei cada dente em horas diferentes para ver a diferença);
- ele não chega a soltar a cor na hora, mas no fim o risotto ficou com uma coloração mais amarronzada diferente;
- no fim, coloquei mais um dente de alho negro picado, uma pitada de sal e pimenta do reino;
- servi e completei com o último dente, bem menor, picadinho por cima.
Sério, gente, NHAMMY. Fica muito bom e o alho negro dá um sabor todo especial ao risotto. Ele não tem um gosto muito forte, por isso não precisa ficar com medo, igual ficaria de um alho comum, mas também não se deve usar temperos muito fortes para não roubarem o sabor. Provei com e sem queijo ralado, mas o sabor é tão delicado que fica melhor sem (e olha que eu coloco queijo em tudo!).
Justo nesse risotto eu resolvi (finalmente) acertar a quantidade de arroz e não teve repeteco. Dura a vida da bailarina esfomeada.
Muy buena pinta, tenéis que probarlo también con algas.
Un saludo