“Will write for food”, ou “Escrevo em troca de comida”, é uma frase que estava rolando na internet um tempo atrás. É irônica, mas incrivelmente verdadeira (aparentemente no mundo todo). Quem gosta de escrever e quer viver escrevendo às vezes se encontra em situações assim. Imagina então quem escreve sobre comida! São salários baixos, pouca oferta de emprego e todo mundo parece que vai te oferecer comida em troca dos textos, vocês nem imaginam as pérolas que saem. Apesar disso, a frase também vem dos próprios profissionais. “Não precisa pagar muito, tio, mas deixa eu comer bem, vai?”. Poxa, a gente vive para comer enquanto a maioria dos meros mortais come para viver! Eu troco comida boa por palavra facilmente, você não?
Foi o título, então, que me levou a esse livro, na Amazon, alguns anos atrás. Demorei séculos para comprar, porque sempre duvidei que ia valer tanto a pena a ponto de fazer uma compra internacional e esperar semanas ansiosa por um livro que, talvez, eu nem fosse terminar de ler. Uma estante imensa de livros de gastronomia e muitas, muitas compras internacionais via internet mais tarde, perdi meus dois freios e pronto. “Will write for food”, de Dianne Jacob, estava a um clique de distância.
“Will write for food” é um livro de referência para quem quer escrever sobre comida. Food writing é um termo muito mais apropriado, porque é tanta coisa que se inclui nesse universo, que eu não pensaria em metade do que é abordado no livro. Blogs, livros de receitas, livros de ficção, de não-ficção, jornalismo gastronômico, revistas especializadas, receitas, biografias… Isso sem contar as dicas de como publicar e ser publicado, como contratar um agente literário, como escrever uma receita (sim, existem convenções e regras para tudo!), como prensar, organizar, preparar e escrever um livro, como trabalhar como freelancer em jornalismo gastronômico e muito, muito, muito mais! A quantidade de coisas que Dianne Jacob aborda neste título é tão grande e as dicas dela são tão preciosas que ainda não me perdoo inteiramente de não ter comprado e lido esse livro umas duas vezes antes de pensar em criar um blog sobre comida. Muitas coisas são básicas da faculdade de Jornalismo, e podem ajudar quem não passou pela faculdade de Comunicação, mas outras são super específicas e ajudam qualquer profissional das letras que ainda não esteja familiarizado com o mundo dos temperos.
Eu tenho uma tendência a ter “ideias geniais” (que muitas vezes são só ideias e outras vezes não são nem isso) quando estimulada de alguma forma para elas, geralmente em sala de aula ou lendo (livros, blogs, revistas, bula de remédio, enfim…). Já sabendo da minha mania, eu deveria ter andado com um bloquinho do meu lado enquanto lia esse livro, porque tive umas vinte! Algumas eu me lembro, outras não, por isso, pode ser que eu tenha que ler tudo de novo, graças à minha pressa para saber logo o que tinha nas outras páginas.
Ficou exagerado? Pareceu que eu estou puxando o saco da moça? Se você tem alguma pretensão de trabalhar unindo letras e sabores, ou mesmo por diversão, dê uma chance a ela. Graças a essa leitura, embarquei no “Cozinha confidencial”, do Anthony Bourdain, logo em seguida, que já estava na minha estante esperando. E também comprei “Garlic and Sapphires”, de Ruth Reichl, que é mencionado várias vezes em “Will write (…)”. Aliás a bibliografia é um prazer à parte. Quando não souber o que ler, claro que vou recorrer a ela.
Dianne Jacob tem um blog também!
Taí. Meu novo livro de referência preferido na cabeceira.
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