Horta no apê: Listinha de cuidados

Você acha que manter uma horta é só comprar aquela sua mudinha na feira, colocar na janela e esperar? De vez em quando colocar uma água e ver o universo fazer o seu trabalho? Até pode ser, mas, se você acha que tem o dedo podre, fica de olho: pode ser que as suas plantinhas precisem de um pouquinho mais de atenção!

Eu tinha programado para hoje uma receita mara de molho de tomate. Mas, em tempos de desabastecimento, achei estranho ostentar tomates aqui nesse blog, né? Muito mais condizente essa minha hortinha linda que garante que eu não passe “necessidade de temperos” nunca, com ou sem gasolina.

Acho que antes deste ano, eu via as hortas caseiras como eu vejo hoje o meu carro. Eu abasteço quando está acabando a gasolina, eu calibro os pneus antes de pegar a estrada e eu coloco água no limpador de parabrisas quando acaba. E pronto. Todo o resto é cuidado emergencial quando o pobre coitado já está aprendendo a falar o meu nome. É uma opção: o carro existe para cuidar de mim, e não o contrário.

Mas tenha em mente que o carro não é vivo. As plantinhas são e esperam um pouco mais de você. Se as condições do seu jardim são ideais, você planta do lado de fora de casa, no chão, com aquela chuvinha maravilhosa batendo de vez em quando, pode ser que não precise de nada disso que eu vou falar hoje. Se, assim como eu, você tem uma horta de apartamento, com plantar dentro de um vaso, pode ter certeza que vai precisar de um ou outro cuidado a mais.

Pensa comigo: na natureza, bichinhos morrem, se decompõem, devolvem todo o nitrogênio para o solo, a chuva devolve a umidade, passarinhos levam sementes e toda aquela história fofa de livrinhos de crianças. No seu apartamento, a biodiversidade é menor. O vasinho é finito, a terra não se repõe sozinha e nenhum bichinho morre lá dentro. Acho. Né?

É por isso que a gente precisa dar aquela ajudada de leve e trazer alguns nutrientes para a horta de vez em quando.

Manjericão #01 – antes da grande poda
Manjericão #01 – depois da grande poda

De vez em… quando?

Bom, na minha hortinha eu aproveito sempre o início do mês para lembrar de adubar as minhas plantas. Alterno alguns adubos entre os meses (vou listar daqui a pouco), reponho a terra (ou humus), afofo tudo, reponho a cobertura (casca de pínus, no caso dos meus vasos), e aproveito para cortar fora folhinhas doentes.

No caso de folhinhas secas, de “morte morrida”, eu deixo no próprio vaso, para servirem de adubo também. No caso de folhinhas doentes, de “morte matada”, eu corto e jogo fora longe das plantinhas!

Vou fazer um post especial só sobre praguinhas, mas já adianto: me livrei de uma epidemia de lagartinhas só com a adubação certa e uma tesoura.

Tipos de adubo

São vários os tipos de adubo, mas optei por falar somente sobre aqueles que eu uso ou já usei na minha horta.

  • NPK
    Este é o mais comum e você vai encontrar em qualquer casa de plantas e até em alguns supermercados. Você pode procurar versões mais orgânicas, menos agressivas, em várias quantidades. Basicamente ele é nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), três das principais substâncias que as suas plantinhas precisam. Alguns têm mais quantidade de N, outros de P, outros de K – no rótulo é possível ver qual o melhor para hortaliças, para frutas, para orquídeas, etc. Eu tenho um líquido, solúvel, com bastante N, que eu gosto de “sprayzar” de vez em quando, e outro com mais P e K, em forma sólida. Lembre-se de não usar nenhum deles debaixo de sol forte, use no final ou no início do dia.
  • Casca de ovo
    Este eu uso bastante também. Foi importante descobrir este quando tive a “epidemia” de lagartinhas na minha hortelã. Descobri que elas gostam de falta de cálcio, e foi só colocar a casca do ovo que elas pararam de aparecer! Para isso, lave a casca do ovo, deixe secar bem, e depois triture. Misture na terra quando for afofar a terra, uma vez por mês. Eu vou lavando, secando e guardando todas as cascas de ovo que eu uso, depois é só triturar no processador tudo junto e guardar num potinho.
  • Húmus de minhoca
    Também é super fácil de encontrar em casas de planta. Eu uso para misturar à terra afofada uma vez por mês. Você vai reparar que se não fizer nada por muitos meses, a terra vai diminuir de volume. Afinal, nada se cria, tudo se transforma, né, gente. Por isso a gente repõe com terra nova e cheia de nutrientes.
  • Borra de café
    Mais uma saída da sua cozinha! Além de ser mais um jeito de aproveitar restos dos alimentos, como eu faço com o caldo de legumes! Eu não faço mais isso porque costumo fazer cafés com sabores (avelã, baunilha, chocolate, etc), e fico com medo de envenenar as pobres plantinhas.
  • Cascas de legumes
    Esse é mais um que eu não tenho feito, já que as cascas de legumes vão para o congelador e viram o meu caldo maravilhoso, mas é uma boa para adicionar nutrientes às plantinhas.

Lembre-se também que tudo depende de qual plantinha você está cuidando. Algumas gostam mais de um tipo de adubo, outras gostam de outra. O alecrim, por exemplo, gosta de terras pobres, que lembrem a ele aquela raiz mediterrênea dele, com salada de queijo feta com azeite de oliva, sabe? Brincadeiras à parte, não encha o seu alecrim de adubo! Por outro lado, a falta de adubo no manjericão pode trazer doenças, então capriche nele.

Manjericão #02 – antes da grande poda
Manjericão #02 – depois da grande poda

Dia de poda

No mês passado eu viajei. E, por isso, as plantinhas ficaram sem os meus cuidados semanais e sem o adubo do mês. Graças ao vaso autoirrigável, a rega aguentou uns dois dias, e a minha sogra me ajudou muito indo lá encher os meus potinhos. Quando eu voltei, a minha janela parecia uma floresta. Os manjericões, principalmente, cresceram tanto, que deram flores enormes e os galhos ficaram tão pesados que começaram a quebrar. Além disso, ainda não me livrei da praga de larva minadora, por isso, muitos galhos tinham sido tomados por furinhos.

Antes de isso acontecer com você é hora da poda.

A poda pode ser pequena, para consumo ou para deixar a planta mais bonitinha. Ou pode ser grande, que foi o que eu fiz no fim de semana. Cortei muito mesmo, com uma dó no coração, para evitar que os manjericões espichassem para cima, deixando os galhos pesados demais.

O resultado foi um matagal de manjericão que saiu de lá.

Cortei folha por folha e separei o que estava contaminado do que estava bom, lavei e preparei um senhor pesto para congelar.

Um escorredor cheinho de manjericão roxo já limpinho para virar pesto e congelar!

Algumas considerações sobre a poda:

  • Corte sempre logo acima dos “nós”. Onde você cortar, o galho vai se dividir formando dois novos. Por isso, não corte no meio de um galho;
  • Lave sempre a tesoura entre uma planta e outra para evitar contaminação;
  • No caso de folhas contaminadas por doenças como a larva minadora, jogue fora as folhas longe de outras plantas para evitar contaminação. No caso de folhas secas saudáveis (de “morte morrida”), pode deixar no próprio vaso para servir de adubo natural;
  • Aproveite o dia da poda para caprichar no adubo, para a planta se recuperar bem.

Bom, poda, rega e adubação constante é o que eu faço nas minhas plantinhas. Pode ser que tenha mais um monte de coisa para fazer que eu não sei, mas, como eu disse, já é mais do que eu faço no meu carro e tem funcionado muito bem.

O alecrim eu evito podar, porque ele quer crescer em direção ao sol e quem sou eu para impedir uma fofura dessas?

Se você perdeu o primeiro post da série sobre hortas em apartamentos, clica aqui e corre lá! Mas antes, deixa o seu comentário! ?

Written by

Leave a Reply