Circuito Rio Show – Patês e Vinhos

O segundo dia de Circuito Rio Show tinha dois queridões. Um deles eu nem sabia quem era, mas já era fã da cria: o Frédéric Monnier, chef da lindíssima Brasserie Rosário, que fica lá na Rua do Rosário, quase no Arco dos Teles, Centro do Rio. A outra era a Deise Novakoski, sommelier não-enochata que palestrou no ano passado, causando boas gargalhadas e “uns bons drink”. Fiquei com preguiça de chegar mais cedo para tentar lugar nos outros, que eu não tinha ingresso e cheguei na hora da fila do Frédéric.

Frédéric Monnier

Frédéric Monnier – Brasserie Rosário:

O chef da Brasserie é um francês muito fofo e engraçadíssimo. Ele tem todos aqueles vícios de linguagem do Olivier Anquier, como os “donc”, “hup!” e “tac!”. A história da família foi fundamental para explicar a Brasserie hoje. O avô dele, que hoje tem 90 anos, tinha uma charcuterie, que é o lugar especializado em salgar, curar e defumar carnes de porco, onde os franceses compram os melhores embutidos, salames, patês e tudo mais. A charcuterie passou para o pai dele, e ele veio para o Brasil na mesma época. Por ter nascido e morado dentro de uma charcuterie, que era embaixo do quarto dele, Frédéric já era expert em porcos, carnes e patês quando chegou aqui. Por isso, mesmo que ele tente fugir, os patês são a marca registrada da Brasserie – mas ele gosta de lembrar que tem pães ótimos (e tem mesmo!).

Uma boa ideia que ele deu, que ele faz desde pequeno, é o tomate farci: abrir o tomate por cima, tirar o miolo, rechear com patê, fechar, regar com azeite e colocar no forno. Fiquei com vontadezinha de tentar em casa!

Frédéric Monnier

Contra os que têm certa aversão a patês (confesso que eu não era muito fã até ontem), ele defende dizendo que o avô comeu porco, fígados, miolos, patês, gorduras e tudo mais a vida toda, e hoje tem a saúde melhor que a dele. Vale lembrar que eles não adicionam nenhuma química, como o fosfato, que costuma ser usado na charcuterie. E não adianta querer substituir as carnes do patê por carnes magras, é justamente a gordura que impede que ele fique seco e duro. Outra dica é colocar todos os ingredientes gelados no moedor. Se isso não for feito, na hora de cozinhar, as carnes vão soltar uma espuma écati, e não vai ficar nada bom.

Como a receita é relativamente pequena, vou deixar para vocês os ingredientes do patê campagne, mas duvido que alguém aí tem um moedor de carne em casa, então vou deixar o site da Brasserie também, porque… né? Depois de ver como era feito, perdi um pouco o nojinho da consistencia do patê, embora ainda seja contra o foie gras. Teve degustação, e estava ótimo.

Ingredientes: 20ml de velho barreiro; 200g de fígado de frango; 50g de bacon defumado; 500g de copa lombo (é a ponta do lombo, com mais gordura que o resto dele); 340g de toucinho fresco sem pele; 2 folhas de louro; 7 talos de tomilho; 2 ovos; 20g de sal; 250g de cebola; 100ml de creme de leite; 2g de pimenta branca em pó; 10g de gelatina em pó derretida para regar o patê depois que ele sai do forno.

Então vamos para a Deise, senão o post não acaba!

Deise Novakoski
Deise Novakoski
Foi a segunda palestra da Deise que eu assisti (olha a primeira aqui!). Diva! Ela é engraçadíssima e não tem nada de enochata. Sempre dá umas polemizadas para ver quem cai na dela. O mais engraçado de palestra de vinho com degustação é que na terceira taça a plateia já está soltinha, ninguém para de falar e um ou outro tem que ficar soltando uns “shhhh”. Mais uma vez, foram sete taças de degustação. Nem todas estavam no material que a gente recebeu, eram só seis garrafas, o que me faz pensar what the hell era aquela sétima que eu tomei e, na quinta, eu já estava “ai me abraça, que eu não tô mais entendendo nada!“.
Deise Novakoski
O tema deste ano foram os vinhos hermanos. Provamos um Miolo Rar Collezione Viognier 2010 (R$ 56); um Dominio Cassis 2008, merlot uruguaio (R$ 46); um Lavaque Syrah, argentino (R$ 15); um Veramonte Pinot Noir Reserva, chileno (R$ 47); um Chardonnay Gran Reserva da Casa Valduga, brasileiro (R$ 340 – hell yeah!); um merlot Don Laurindo Reserva 2009 (R$ 65). E eu JURO que teve mais um. Os garçons podem ter se confundido e me dado um a mais, mas eu JURO que foram sete, porque eu fui anotando, galera! Mas enfim, esse sétimo se perdeu nas anotações.

Momentos altos (olha o duplo sentido aí!):

  • Diva Novakoski defendeu o vinho como parte da cesta básica – É isso aí, Braseeel, vamos polemizar esse Rio Show, galera! A defesa dela era de que o vinho une as pessoas, inclusive as famílias, além do que aprender a beber coisas boas desde cedo evita a cachaçada mais tarde. Acho phyno, acho digno, acho Bolsa Família. Deise, quer ser minha amiga?
  • Um distinto cidadão, depois da sexta taça, se levantou e se posicionou estrategicamente no meio do salão. Bem no meio. Foi o tanino mandando lembranças.
  • “Sempre tem um enochato nas minhas palestras que pergunta: ‘ esse é 30% de que uva? 40% de qual outra?’. Meu filho, deixa de ser chato, que isso não é receita de bolo!” (…) “Apesar de parecer óbvio, vinho é feito de UVA! Uva é plantada! Nasce do chão!”
  • Garçom: “Deise, esse é o último vinho” – Deise: “É o último para VOCÊ, ingrato!! Tá me dizendo que é o último vinho… eu vou viver cem anos!” #diva!
  • A palestra se aproxima do fim com a discussão de se brasileiro acha que vinho branco é ou não é coisa de mulher. E termina com um senhor (será o mesmo?) aos brados: “Rosé é coisa de mulher!!!!!”. Ficou de dica para o tema do próximo Circuito. Rosé é coisa de mulher?

Claro que teve muito mais coisa. Discutiu-se formato de garrafa, rolhas de cortiça versus rolhas sintéticas e scroll caps, excesso de tarifa de importação no Brasil (subsídio na Argentina, que trata vinho como alimento e sobretaxação no Brasil, que trata como bebida alcoólica) e muito mais. Mas nada supera o bom humor da Deise e a velocidade desesperadora em que as taças chegam às suas mãos. Deise já é figurinha marcada no Rio Show, e não deve ser perdida por nada nesse mundo no ano que vem, ok? Façam favor de se pendurar naquele telefone ocupado até conseguir marcar. E nada de pergunta de enochato!

Queria assistir, mas não foi? O Globo gravou tudo e disponibilizou na internet, boba! Corre lá.

Agora um momento de silêncio para a Carol, que estava toda trabalhada no jornalismo gastronômico

Toda trabalhada no jornalismo gastronômico

E, para terminar, o showzinho que estava rolando ao final da palestra. Mas eu tinha toque de recolher e fui caçar um taxi! Triste fim.

Palco

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3 comments / Add your comment below

  1. Bom, …. Pra mim foram 6 taças!!! Uhauhauhauhauja
    Opção 1: EU Ja estava mais pra lá do que pra cá, bebi 7 e juro que bebi 6.
    Opção 2: VC Ja estava mais pra lá do que pra cá, bebeu 6 e jura que bebeu 7.
    Opção 3: o garçom achou vc muito legal e te deu uma taça bônus!!!!

    Adorei te conhecer! Te vejo lá ano que vem!
    Bjo, Paty

  2. Sempre gostei de patês! Com a consistência estranha, entupidos de gordura e tudo! Amo e ponto final!

    Outra coisa: esse post foi muito engraçado. Por acaso você escreveu ele assim que chegou em casa? Hahahahahahahahahahaha!!

  3. O post estava ótimo. Mas, concordo com a Raquel, acho que foi escrito depois das sete, taças.

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