No sábado, a única palestra que eu tinha me inscrito foi a da Roberta Sudbrack, do restaurante de mesmo nome. Mas consegui vaga para a seguinte também, da Prima Bruschetteria, o que foi uma boa coisa a se fazer – dica para os próximos: é melhor garantir a sua vaga naqueles mais concorridos (como o da Sudbrack e o de vinhos) e tentar a sorte nos menos concorridos, que sempre sobra vaga, pelo menos para os primeiros da fila.
Agora veja Murphy se aproximando de mim… Fiz aquela apuração lindona, mesmo uma caneta que insistia em falhar, para depois, enquanto esperava pela próxima palestra, sentada na folha de apuração (para não sujar o vestido, né?), me distraí com a chata que estava atrás de mim derrubando bacalhau no meu pé e perdi a folha! Esqueci ela lá e só percebi quando já estava na palestra da Prima B! Por sorte consegui uma folha nova com as receitas, mas perdi todas as minhas anotações. Por isso, para o nosso azar, teremos que confiar na minha memória. Mas vamos lá…
Por uma memória que nos sustente – Roberta Sudbrack
A Roberta sempre leva vários prêmios, como levou, este ano, o de Destaque do Ano da Rio Show. Por isso mesmo estava com um pé atrás em relação a ela, quando entrou, “over applauded”. Mas acabou que não era nada disso. A “celebridade Roberta” nem estava lá, e ela mostrou de onde vieram todos os prêmios.
Infelizmente, o prato que ela preparou (Ovo caipira em praliné de farinha de milho) não foi a degustação, porque o cheiro estava divino, controlei meus impulsos de subir no palco e pedir um pedacinho.
Antes, ela mostrou um filme para explicar o título da palestra. O filme não passou todo, mas está disponível no blog dela. Basicamente, ela fala sobre a importância que tem os fornecedores e os ingredientes nacionais que garantem que possamos chamar de uma “cozinha moderna brasileira”. Isso significa trabalhar para fazer versões modernas dos nossos pratos tupiniquins e, por isso, nunca uma “nova cozinha brasileira”, já que nunca partimos no zero. O fornecedor do filme, do interior de Minas Gerais, estava na plateia e foi aplaudido de pé no final da apresentação. E nada de vergonha, ele fez um discurso lá na frente sobre como era importante que chefs como a Roberta inventem novas receitas com os ingredientes do interior para que eles não se percam (foto ao lado).
A receita dele me lembrou a minha primeira tentativa de ovo poché, e nela eu percebi que a minha não tinha dado “quase certo”! Eu achava que estava errada porque a parte de fora do ovo de perdeu, sobrando só um pouquinho de clara. Acontece que é assim mesmo. A clara mais mole, inclusive, ela descarta.
Depois de fazer o ovo poché (em fogo mais baixo possível), ela fez a praliné de farinha de milho, que nada mais é do que uma farofa de farinha de milho, só que com mais manteiga, até ficar com consistência de areia molhada.
A disposição do prato é: praliné, ovo poché e uma farinha de banana por cima, que ela faz colocando rodelas de banana ouro no forno até parecer queimado (mas antes de ter cheiro de queimada) e depois batendo em um processador até virar uma farinha. Por cima disso tudo, sal e algumas ervinhas. Deve ter ficado uma delícia, a julgar pelo cheiro.
Eu estava sentada lá atrás (porque o meu taxista se perdeu e eu cheguei atrasada!) e, assim que liberaram as cadeiras VIP eu corri feito uma louca. Acabei ficando na segunda fileira, o que mesmo assim me trazia problemas para fotografar sem flash. Tive que tirar várias fotos e devo ter parecido “A” tiete, até a hora em que a mulher atrás de mim diz: “Me dá a câmera que eu tiro uma sua com ela aparecendo no fundo”. Morri de vergonha. Jornalistas não são mesmo compreendidos se não têm credencial…