Se, assim como eu, você é daqueles que sofre sabendo que existem mais livros, filmes, vinhos e comidas no mundo do que os dias de vida de um ser humano médio, o circuito de degustação de vinho é o mais próximo que você vai chegar de um checklist de vida. Organizados em estandes de alegria gratuita, cada vinícola ou distribuidora prepara sua carta de produtos para apresentar lançamentos, pratas da casa e novas apostas a enófilos, sejam eles o consumidor final, revendedores ou jornalistas. É a hora que você tem de entender a proposta de cada vinícola e, o mais legal, ver como os vinhos crescem, comparando desde as linhas mais populares de cada casa até os rótulos mais cobiçados. Circuitos de degustação sempre revelam surpresas.
Circuitos mundiais são parques de diversões. São centenas de vinhos de regiões que você sempre quis visitar, uvas que você sempre sonhou em provar (algumas desconhecidas), um mar de culturas, idiomas e sabores. Não é de se admirar que eu tenha passado das quatro dezenas de rótulos provados na última edição que eu fui. O Circuito Brasileiro é mais modesto, mais caseiro, mas também mais objetivo. Afinal, é claro que é lindo provar um Brunello di Montalcino pela primeira vez, mas não é ele que você encontra nas baias das lojas de vinho quando procura um rótulo para o seu jantar de sábado.
Acessíveis e cada vez mais queridos, os vinhos brasileiros estão tomando corpo (com o perdão do trocadilho) e o mercado não para de crescer. É verdade que ainda existe muita coisa “meio mais ou menos”, mas vinícolas sérias estão produzindo rótulos muito legais. Aliás, até mesmo literalmente! Apreciadora de embalagens, fiquei muito feliz com alguns dos trabalhos feitos em rótulos e em caixas.
O Circuito Brasileiro de Degustação aconteceu no Iate Clube da Urca, aqui no Rio de Janeiro, na quinta-feira, dia 6. Às 16h, o evento foi aberto para imprensa e profissionais do setor e, a partir das 19h, foi a vez de o público final conhecer os lançamentos. Provei 19 rótulos e encontrei muita coisa legal:
- espumante Nero Brut
- espumante Nero Rosé
gostei bastante dos espumantes da Nero, que eu provei há muito tempo e já tinha me esquecido deles - Salton Intenso Sauvignon Blanc
- Salton Virtude
o Virtude é uma delícia, mas também gostei do intenso. O representante da Salton esclareceu que 2010 foi a pior safra. Disse, na verdade, que “para ser ruim, 2010 teria que melhorar muito”. Por isso, vinhos como o Desejo e o Talento não foram produzidos. Quanto a esses brancos, mesmo o sauvignon blanc é um blend da mesma casta, mas encontrada em várias regiões do Rio Grande do Sul, já que cada região tem características próprias. - Pericó Chardonnay
- Pericó Rosé Taipa
- espumante Pericó Rosé
não me identifiquei muito com o rosé, que tem uma garrafa lindíssima. Achei o espumante interessante. - Província São Pedro Chardonnay
- Routhier & Darricarrère RED Merlot
- Província São Pedro Cabernet
achei mega interessante a proposta da Routhier & Darricarrière. O RED é um vinho proposto para jovens, de preço baixo e com um rótulo lindíssimo e super fácil de beber, justamente para apresentar o vinho aos novos degustadores. - Salton Intenso Merlot/Tannat
- Salton Desejo
- Salton Talento
Desejo e Talento são, de fato, as pratas da casa! - Lídio Carraro Faces
- Lídio Carraro Dádivas
gosto muito dos vinhos da Lídio Carraro. O Faces é o vinho escolhido para a Copa do Mundo e, como haveria de ser, deve custar pouco (cerca de 35 reais) e agradar a gregos e troianos. Por isso, é um vinho fácil de beber, bem leve e refrescante. Dádivas foi escolhido o melhor vinho branco do ano pela Expovinis e, de fato, é uma delícia! - Perini Qu4tro
- Perini Fração Única Merlot
Qu4tro foi o meu queridão do circuito inteiro! Uma delícia! Apostava tanto nele (também estava na lista dos melhores do ano) que fui direto nele e matei todas as outras sugestões do representante da Perini, coitado. Quando provei o Fração Única, já tinha perdido metade da graça, mas é bem interessante também. - Casa Valduga Identidade
- Casa Valduga Identidade Pinot Noir
o primeiro corte era TÃO corte que até as uvas eram “misturadas”! Os dois são bem gostosos e têm uma cor absurdamente escura. Brincamos que parecia uma calda de vinho.
Muito legal o post, Carol! O meu tá saindo… rsrs