Canadá: Em defesa da comida de rua

Esse post está atrasado, muito atrasado. Quase seis meses atrasado. Mas serve de dica para quem ainda planeja conhecer o Canadá! (Favor não fazer isso esta semana se não quiser virar boneco de neve – até porque a comida de rua, nessa época do ano, estaria toda congelada!).

Quando eu estava no Ensino Médio, em Macaé, estudava de manhã e à tarde, para passar no vestibular e não ficar escrevendo besteira na internet. Oh wait… Continuando. Estudando de manhã e à tarde, eu e minhas amigas nos juntávamos para almoçar besteira, que era muito mais legal do que arrumar um prato de salada. E a gente não engordava nessa época, o que fazia a história toda mais divertida.

Um dos nossos lugares preferidos era o “Blast”, um “podrão”, como a gente chama aqui no Rio. Era uma casa mínima, praticamente uma janela, onde uma senhora fazia hambúrgueres ou sucos. Você leu certo, era hambúrguer OU suco. Porque “ela era uma só e não dava para fazer duas coisas ao mesmo tempo”. Então, quem comia hambúrguer tinha que beber refrigerante. Sem problemas para as meninas que não engordavam (bons tempos…). O hambúrguer levava tudo. TUDO mesmo. Ovo, bacon, queijo e o que mais a moça encontrasse na geladeira dela. Não tinha mesa, então comíamos sentadas no meio fio (naquela época, era uma rua pouco movimentada, juro). O resultado era uma torre de Babel comestível que, invariavelmente, acabava metade no meio fio. Um dia, meu alface ficou metade preso na minha boca e metade preso no pão, em um embate eterno. Um senhor engraçadinho parou o carro, baixou o vidro e perguntou se eu queria ajuda com uma tesoura! Basta dizer que eu ri e o embate foi resolvido pela gravidade.

Foi uma época de experiências marcantes com a comidas de rua – razão e solução de grande parte das nossas infelicidades (da dor de barriga à barriga cheia, quero dizer). Fato é que a comida de rua é quase um bem da humanidade. Não é patrimônio do Rio, como os defensores do “podrão” pensam, mas é patrimônio não-oficial do mundo. Impossível não encontrar comida de rua em qualquer canto habitado desse planeta azul.

 

Festival de la Poutine

Poutine deve ser o prato mais amado dos québecois – os habitantes do Québec, a região francófona do Canadá. Ai de quem falar que aquilo é batata frita com molho. Mas posso te contar um segredo? Poutine é, basicamente, batata frita com molho e queijo. Isso não é um demérito! O molho, com base de carne, é tão gostoso, e o queijo tão macio, leve e diferente de todos os queijos que a gente tem por aqui, que faz tudo valer a pena. Até a batata frita não é a mesma, ela é feita com casca, o que, para mim, sempre fez toda a diferença.

Já mencionei a melhor poutine ever, de bisão, em outro post, mas a poutine é tão amada, que tem um festival só para ela, em Drummondville. Este ano, uma das atrações principais era a banda Coeur de Pirate, que eu curto bastante e, por causa dela, fiquei sabendo do evento. Alugamos um carro, enfrentamos umas duas horinhas de estrada partindo de Montreal e fomos comer poutines! Nossos amigos recém-québecois não se convenceram com a qualidade da poutine (e provavelmente do som, já que eu era a única menininha do grupo). O prato, hoje, é vendido em todos os sabores possíveis no Canadá, mas como eu queria realmente uma tradicional sem frescuras, achei uma delícia. Mais tarde, fomos encontrar até poutine de bisão, a coisa mais gostosa ever, que eu conto em outro post.

 

L’Associacion des Restaurateurs de Rue du Québec

Em Montreal, a comida de rua é levada tão a sério, que ela tem um festival itinerante. A Associação dos Restaurantes de Rua de Québec promove na primeira sexta-feira de cada mês um encontro dos principais “podrões” da cidade em um local escolhido. Inclusive os chiques! Encontramos esse festival muito por acaso e aproveitamos a chance!

São dezenas de FoodTrucks, caminhões coloridos de restaurantes famosos, como o Au Pied De Cochon (que aparentemente nada tem a ver com o homônimo parisiense, mais antigo que ele), ou de produtores locais – de queijo, por exemplo. Eles chegam em um bando tipo Hell’s Angels, aterrorizando barrigas esfomeadas, uma loucura! Minutos depois que as portas do local escolhido são abertas as pessoas formam filas imensas, mas que valem a pena. Não podem faltar poutines, claaaaro, e doces, muitos doces com maple!

Eu fui atrás de uma paixão gordinha de hemisfério norte, que eu nunca consigo comer igual ou reproduzir em casa: o Mac and Cheese. Todo o meu amor p0r aquele macarrão fofinho com molho de queijo, puxadinho na pimenta, um leve crocante de pão no forno, o salgadinho dos pedaços em pequenos e defumados de bacon e queijo ralado por cima, como se já não houvesse queijo suficiente. Viveria por mac and cheese e os mais tradicionalistas que  me desculpem.

Mac and cheese (bem feito) é vida. E comida de rua gostosa (e minimamente limpa) também!

A próxima viagem digital pelo Canadá é sobre carnes. Keep in touch. 😉

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