#7 – Pollo al Ajillo (Espanha)

Frango frito pode dar errado? Não pode, né. Se a Espanha tivesse me servido isso “quando nos encontramos”, tudo seria diferente. Antes disso, clica aqui para ver todos os países por onde “passamos” no Copa na Cozinha!

A primeira (e até agora, única) vez em que eu estive na Espanha, sofri de uma decepção gastronômica imensa. Tinha acabado de passar por uma viagem de sul a norte de Portugal, lugar onde, até hoje, eu comi melhor na minha vida inteira, e caí em A Coruña. Minha pequena passagem pela Espanha me rendeu, de longe, os piores pratos da vida. E olha que a gente não é de escolher mal restaurantes. Mas era uma profusão de frutos do mar e carne de porco, marinada em sangue e outras cositas más. Tá certo que o meu repertório gastronômico é limitado, visto assim. Mas foi o único lugar do mundo em que eu consegui entrar em restaurantes onde eu não comia nenhum prato do cardápio.

O meu prato foi feito com peito de frango, mas o do Léo foi de drumete, o tradicional mesmo

O Copa da Cozinha, por sorte, veio tirar esse “ranço” espanhol. O prato que nós fizemos, pollo al ajillo, assim como o da Arábia Saudita, não tinha como dar errado. “Segundo a internet”, ele é bem tradicional na Espanha (queria muito que fosse tradicional nos lugares por onde eu passei), e é servido com batatas. Tem variantes, como feito ao forno e a adição de limão ou vinagre, mas nós seguimos essa receita abaixo:

A inspiração:


Léo Neves é jornalista, viciado em esportes e comilão

Toque do Léo:

Desde a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 92, La Fúria sempre criou expectativas quanto a um sucesso mundial. Mas, assim como a “talentosa geração belga”, os espanhóis sofreram por remar, remar, remar e morrer na praia.

Isso só acabou em 2008, quando a geração do Tiki-Taka ganhou a EuroCopa. O estilo de jogo onde se valoriza a posse de bola – em que na teoria se acredita que se o adversário não tem a bola ele não ganha a partida. É caracterizado por passes curtos e movimentação em bloco. Geralmente é associado ao Barcelona, onde o estilo de jogo foi implantado por Johan Cruijff e aperfeiçoado por Pep Guardiola décadas depois, foi o fio condutor para o jogo do grupo que tinha Xavi, Iniesta, Casillas, Puyol entre outros grandes nomes.

A cereja do bolo veio na África do Sul, em 2010, quando finalmente a talentosa geração espanhola foi campeã mundial pela primeira (e única vez). E claro, repetindo a dose na Euro em 2012.

Por ironia do destino, um dos maiores nomes da história da Fúria, não participou desse sucesso. Raul, ídolo máximo do Real e do país, se retirou da seleção em 2006, mas isso não significa que não foi importante para moldar os jogadores que vieram a seguir.

Barcelona e Real Madrid protagonizam uma intensa rivalidade desde o início do século XX. São gigantes que lutam, cada um, por suas causas. Barcelona sempre foi mais que um clube, e defende a separação da Catalunha. Há registros de que durante a ditadura de Franco, somente dentro do estádio era permitido manifestações pró-independência. Já os merengues sempre foram o time da monarquia, da alta classe espanhola. Os multimilionários clubes dominam o cenário do futebol no continente. É raro algum outro clube ser campeão espanhol, na Champions o Real detém o recorde de taças com 13. E um dos maiores embates particulares de todos os tempos pode ser conferido nesses times, Messi x Cristiano Ronaldo.

Não há mais dúvidas quanto ao tamanho do futebol espanhol perante ao mundo.


Ingredientes:

  • cortes de frango (drumete e peito)
  • 6 dentes de alho
  • azeite
  • sal e pimenta a gosto
  • salsinha picada
  • 1 xícara de vinho branco

Como fazer:

Cubra a superfície de uma panela com azeite. Leve ao fogo alto e doure os dentes de alho inteiros. Quando estiverem dourados, retire eles um a um da panela. Tempere os frangos com sal e pimenta. Coloque na panela os pedaços de frango e deixe dourar dos dois lados. Pode ser que você precise fazer essa etapa mais de uma vez, dependendo da quantidade de frango e o tamanho da panela. Retire os frangos da panela. Jogue metade do azeite fora. Volte para a panela os frangos, o alho, adicione a xícara de vinho branco e a salsinha picada. Essa é a hora em que a mágica acontece! O vinho misturado com o azeite quente faz o molho engrossar e ficar super gostoso. Abaixe o fogo e deixe cozinhando tampado por 10 minutos. Depois é só desligar e servir. Nós fizemos um arroz com cenoura e cúrcuma para acompanhar.

Servimos com arroz de cenoura com cúrcuma

O resultado:

Apesar de nós não sermos acostumados a comer frituras aqui em casa, esse prato ficou com muito gosto de comida “de casa”. O Léo terminou de comer triste porque não tinha mais! Não acho que eu vá fazer frango frito tão cedo (até porque ele explode e eu consegui queimar até a testa!), mas tiramos algumas lições bem legais: a mágica do azeite com vinho, o alho inteiro junto ao frango (que eu já fiz outras vezes, mas sempre me esqueço) e o fato de que a gente pode temperar e preparar as mesmíssimas comidas, sem ficar igual todo santo dia. Obrigada, Espanha, vê se me serve isso da próxima vez em que a gente se encontrar!!

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