#11 – Boeuf Bourguignon (França)

Ah, Parrí! A cidade luz compete de perto com Portugal na minha lista de melhores lugares para se comer. E eu passei um mês fazendo somente isso em Paris em férias inesquecíveis, que todo mundo merecia um dia na vida. Por isso, abra o seu vinho tinto – você vai usar nessa receita, mas tá liberado beber todo o resto enquanto cozinha, porque Paris é uma festa.

Impossível falar sobre boeuf bourguignon sem falar sobre Julia Child. A maioria dos brasileiros conheceu Julia Child no filme Julie & Julia, baseado no livro (muito fofo) de mesmo nome. Mas essa americana conseguiu vencer as fronteiras e se tornar um dos principais nomes que a gente lembra ao pensar em cozinha francesa. Isso porque ela se esforçou para levar a difícil e trabalhosa cozinha francesa, até então feita por “homens chefs”, para as casas dos americanos, com ingredientes fáceis de encontrar e passo a passo detalhado para cada receita.

Se você quiser uma dica de livro da Julia, não perca “Minha vida na França“, que conta o tempo em que ela passou no país aprendendo a cozinhar. Mas o principal deles, que tem todas essas receitas trabalhosas “tin tin por tin tin” é “Mastering the art of french cooking“.

Eu até tenho “Mastering the art…” na minha estante, mas a Julia que me perdoe, as receitas “acessíveis” dela ainda são muito trabalhosas para o dia a dia de quem trabalha e não quer passar a vida inteira na cozinha. Então eu fui beber em outra fonte na hora de escolher a nossa receita de boeuf bourguignon, que vocês vão ver a seguir.

Que marravilha!

A inspiração

Usei como inspiração a querida Rita Lobo, que (essa sim), dá uma facilitada boa nas receitas mais complicadas. Nessa, ela foi tão “mãe” que ainda fez a transição para a panela de pressão elétrica. Se você for fazer na panela de pressão comum, lembra de colocar mais líquido (a elétrica não solta vapor, por isso não precisa de tanto líquido).


Léo Neves é jornalista, viciado em esportes e comilão

Toque do Léo:

Daria para fazer um livro sobre o futebol francês, mas vou tentar ser sucinto com a França, uma das potências mundiais. Apesar de somente ter um título mundial (98), Les Bleus são sempre considerados favoritos em uma Copa, pela quantidade de bons jogadores que conseguem reunir. Se fosse listar aqui, passaria um dia inteiro. Para resumir, ficaremos com Michel Platini e Zinedine Zidane. Os dois são os maiores nomes da história do futebol francês.

Não à toa, são responsáveis por duas grandes desilusões brasileiras. Platini, em 86, encerrou a geração de Telê Santana. Já em 98, Zizu massacrou a seleção, que tentava o bi-campeonato.

Geralmente a fé em um desempenho grandioso da seleção esbarra nos problemas extra-campo. Seja por brigas internas, “furação de olho”, coleguinha metendo chifre no outro e divulgando em redes sociais ou mesmo por problemas étnicos. A verdade é que a França é um barril de pólvora muito talentoso.

Já os clubes, por enquanto, são “domésticos”, não conseguem grande destaque no continente. Seja pelos bilhõe$ do PSG atual, seja pela força de um Lyon que foi hepta-campeão francês na década passada (capitaneado por Juninho Pernambucano). O Olympique de Marseille foi o único que conseguiu ganhar a Champions League em 93, mas o que era para ser um momento de celebração, foi o começo de uma reviravolta que manchou a história daquela equipe. Perdeu a honra em um dos maiores escândalos de suborno do futebol. Acabou rebaixado automaticamente e levou uma década para se recuperar.

Vou poupar-lhes da minha birra pessoal, não é mesmo Henry?


Ingredientes:

  • 600g de alcatra em cubos
  • 1/2 cebola
  • 1 dente de alho
  • 3/4 xícara de vinho tinto seco
  • 1 ramo de alecrim
  • 2 folhas de louro
  • 1 colher de sopa de farinha de trigo
  • 1 colher de sopa de extrato de tomate
  • 1oog de bacon cortado em cubos
  • sal e pimenta do reino a gosto
  • 1 cenoura cortada em cubos
  • 6 cogumelos paris cortados em 4

Como fazer:

A primeira etapa é a mais demorada: deixe marinar, na geladeira, a carne cortada com o louro, o alecrim e o vinho. De preferência da noite para o dia, mas pelo menos por uma horinha.

Depois, reserve o líquido com o louro e o alecrim, separando ele das carnes.

Adicione às carnes uma colher de sopa de farinha de trigo e mexa bem para todos os cubinhos ficarem envoltos nela

Na panela de pressão aberta, adicione azeite e doure as carnes de pouquinho em pouquinho, para a panela não perder temperatura e criar água. Não se preocupe em cozinhar as carnes ainda, a intenção é só dourar por fora, já que elas ainda vão para a pressão. Reserve os cubinhos dourados em outro potinho.

À essa panela “sujinha” de carne e farinha, adicione o bacon. Quando estiver quase dourando, adicione o alho e a cebola e refogue. Adicione 1 colher de sopa de extrato de tomate e mexa. Sente esse cheirinho maravilhoso!

Volte as carnes para a panela. Você precisa de 1 xícara de líquido. Se ainda tiver isso de molho da marinada, tudo bem, se não, complete com água até ter 1 xícara. Leve esse líquido (ainda com o louro e o alecrim) para a panela.

Feche a panela e leve à pressão por 20 minutos.

Abra (quando sair a pressão, pelamordedeus), adicione os cogumelos e cozinhe, com ela aberta, por mais 5 minutos.

Agora é só corrigir sal, se precisar, e servir! Você pode ser muito français e servir com batatas com ervas. Nós fomos francobrasileiros e servimos com um arroz branquinho.

Sério, façam!

O resultado

Gente, eu sou suspeitíssima para falar, já que a França tem um lugar todo especial no meu coração. Boeuf bourguignon é um prato que ganha sempre, e essa versão super fácil da Rita Lobo ganha mais ainda pela praticidade. É ter um pratinho digno de bistrô francês com pouquíssimo trabalho. Não há desculpa para preferir pedir um delivery no fim de semana, te juro. Almoçamos arroz com carne, mas com quase ZERO conservantes – com exceção somente daquela colherzinha de extrato de tomate. Esse está entre os pratos da Copa que você precisa incorporar na sua rotina, s’il vous plaît!

Já comeu um bom boeuf bourguignon ou sempre teve preguicinha de fazer um em casa? Deixa aqui nos comentários! E para ver todos os outros posts do Copa na Cozinha, clica aqui.

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